05/05/13

Dia da Mãe

Palavras para a Minha Mãe  

mãe, tenho pena. esperei sempre que entendesses
as palavras que nunca disse e os gestos que nunca fiz.
sei hoje que apenas esperei, mãe, e esperar não é suficiente.

pelas palavras que nunca disse, pelos gestos que me pediste
tanto e eu nunca fui capaz de fazer, quero pedir-te
desculpa, mãe, e sei que pedir desculpa não é suficiente.

às vezes, quero dizer-te tantas coisas que não consigo,
a fotografia em que estou ao teu colo é a fotografia
mais bonita que tenho, gosto de quando estás feliz.

lê isto: mãe, amo-te.

eu sei e tu sabes que poderei sempre fingir que não
escrevi estas palavras, sim, mãe, hei-de fingir que
não escrevi estas palavras, e tu hás-de fingir que não
as leste, somos assim, mãe, mas eu sei e tu sabes.


José Luís Peixoto, in "A Casa, a Escuridão"

8 comentários:

  1. Lindíssimo. Somos assim: sem coragem de cultivar a ternura.
    (Ternura não é pieguice!)

    Um beijinho e bom domingo!

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  2. Isabel, revi-me no poema!
    Quantas vezes a vontade é de abraçar e dizer palavras doces, mas agimos de maneira inversa!!

    O ser humano é mesmo complicado!

    Um beijinho.:))

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  3. Uma escolha muito bonita.
    Há sempre lutas que travamos. Não é por não amarmos é sim porque as amamos.
    Beijinho. :)

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  4. E que lutas, Ana!!
    Mas depois ficamos com remorsos... que devíamos ter feito e dito...

    Um bom dia e um beijinho.:))

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  5. Conheço mal a obra, tanto em prosa como poética, do José L.Peixoto mas gostei deste poema.

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  6. Luís Barata, o pouco que li, gostei.

    O primeiro livro dele - Morreste-me - impressionou-me.

    Uma boa semana.:)

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  7. Que poema tão bonito e verdadeiro!
    Parabéns pela escolha.

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  8. Anónimo, ainda bem que gostou!
    Obrigada pelas palavras gentis.

    Cumprimentos.

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