24/02/12

David Mourão-Ferreira
nasceu a 24 de Fevereiro de 1927

Soneto do Cativo

Se é sem dúvida Amor esta explosão
de tantas sensações contraditórias;
a sórdida mistura das memórias,
tão longe da verdade e da invenção;

o espelho deformante; a profusão
de frases insensatas, incensórias;
a cúmplice partilha nas histórias
do que os outros dirão ou não dirão;

se é sem dúvida Amor a cobardia
de buscar nos lençóis a mais sombria
razão de encantamento e de desprezo;

não há dúvida, Amor, que te não fujo
e que, por ti, tão cego, surdo e sujo,
tenho vivido eternamente preso!

David Mourão-Ferreira, in “Obra Poética”



















2 comentários:

  1. Cláudia,
    O poema é lindo e intenso.
    O amor é sempre tão difícil arranjar palavras para o cantar.
    Bela postagem!
    Beijinho. :)

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  2. Ana,
    Também o achei muito bonito. Tem razão, o amor é mais de se sentir, não é fácil de se passar para o papel!
    Beijinhos

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